Um dos maiores e mais relevantes temas do varejo e franchising brasileiro são os pontos comerciais. O que está evidente hoje no Brasil é um movimento crescente das empresas do comércio e de serviços, de uma maneira geral, e das indústrias pela expansão. Cada segmento dentro de suas particularidades e tamanho busca cada vez mais ocupar seu espaço no mercado brasileiro. Tudo isso motivado, em primeiro lugar, pela economia que vem favorecendo esse movimento e, em segundo lugar, como forma de criar barreiras para a concorrência local e internacional, que cresce também quase no mesmo ritmo.
O Brasil passou a ser a bola da vez, como muito tem se ouvido falar, porém, isso é mais um mantra do que a realidade tem mostrado. Temos hoje vários problemas e desafios de infraestrutura que os nossos governantes atuais não estão conseguindo resolver, o que tem criado diversos entraves para o desenvolvimento. Dos serviços públicos à malha rodoviária para escoamento de produtos, vemos que pouco vem sendo feito, principalmente se considerarmos o quanto o Brasil precisa dessas mudanças.
Diante desse cenário e também motivado pelo potencial de consumo do Brasil, temos por outro lado os empreendedores de shopping centers. Eles estão ávidos por atender toda essa demanda por pontos comerciais gerada pelas redes de negócios, pelo varejo e, em especial, pelo franchising.
O franchising vem crescendo no Brasil na casa dos dois dígitos. O crescimento do faturamento de 2012 em relação ao ano anterior foi de 16,2%, representando um total de 103 bilhões entre as unidades das redes, contando com as lojas próprias. Foram mais de 14 bilhões de acréscimo no faturamento; 395 novas redes entraram no mercado no mesmo ano e 11.445 novas unidades foram criadas. Somadas as do ano anterior, isso representou 104.543 unidades e para 2013 a projeção do mercado de franquias é atingir 116.043 unidades, ou seja, novos pontos comerciais sendo abertos no franchising. Os segmentos de alimentação, esporte, saúde, beleza e lazer, acompanhado dos segmentos de serviços, foram os que mais contribuíram com esse crescimento.
Após anos de explosão do consumo, o varejo vai passar por um período de crescimento “flat”. Nesse novo cenário a expansão de operações para de ser em massa e começa a ser feita de maneira clínica - esse processo aconteceu nos Estados Unidos durante a crise de 2008. O plano de expansão passa ser mais criterioso e exige uma disciplina muito maior das redes de negócio. Se levarmos em conta esse crescimento e o número de unidades que são geradas ano a ano pelo sistema de franquias, os aspectos ligados a ponto comerciais passam a ser de vital importância para o franchising brasileiro. E não pensamos somente nos espaços em shopping centers, mas também em centros culturais, repartições públicas, estações de metro, bem como rodoviárias e lojas conjugadas com grandes atacadistas/varejistas como Leroy Merlin. Muitos negócios precisam de pontos em ruas e em locais com boa visibilidade, segurança e perfil comercial, mas há de se considerar que existe a necessidade de se obter esses pontos a um custo menor para o empresário, como, por exemplo, os de pequeno e médio porte. As capitais hoje já enfrentam a dificuldade para esses tipos de pontos. Isso vem gerando outra demanda no mercado imobiliário pela construção de centros comerciais em regiões onde se permite praticar um valor que viável para um franqueado que fature entre 25 mil a 100 mil reais – em geral, as pequenas franquias de alimentação e de serviços.
O certo é que esse assunto “ocupação” vem tirando o sono daqueles empresários que fizeram um plano de expansão mais agressivo. Existem redes onde o franqueado assina o contrato e fica mais de seis meses procurando por um ponto adequado para a instalação do seu negócio. Muitas franqueadoras já incluíram em sua estrutura de pessoal e de custos um valor para profissionais ou empresas que fiquem full time em busca de pontos comerciais para os franqueados de suas redes ou para suas unidades.
A situação fica mais crítica quando analisamos os valores dos aluguéis para os estabelecimentos comerciais. Tanto em shoppings quanto em ruas esses números chegam a inviabilizar a entrada de determinados tipos de negócios no mercado. Os pequenos empresários e as franquias estão incluídas neste grupo que representam mais de 90% das empresas no Brasil, segundo dados do CEMPRE, ano 2010. Veja quadro abaixo.
Algumas redes de franquias, como as de alimentação, por exemplo, estão buscando alternativas já há algum tempo. Entre elas, a instalação de negócios em espaços compartilhados com supermercados, postos de combustíveis, escolas e universidades, clínicas e até nos hospitais. O importante é não deixar de oferecer os produtos e ficar cada vez mais perto do cliente, e quando utilizam o sistema de franquias estas alternativas sempre caem muito bem. As cafeterias são um bom exemplo quando instaladas em grandes home centers, em mega stores e em outlets.
Fica claro que o assunto deve ser amplamente debatido. A importância do tema “ocupação” no varejo e no franchising brasileiro precisa de inovação, de reflexão sobre o que fazer para não emperrar o crescimento das empresas e das redes de negócios. Sem deixar de levar em consideração como viabilizar pontos comerciais com valores possíveis de serem assumidos pelos pequenos e médios negócios, que têm expressividade muito elevada em nosso País.