Diariamente somos consultados por empreendedores de todo o Brasil interessados em abrir uma franquia de nossa marca. Não tenho dúvida de que a alta procura que registramos internamente também pode ser verificada em empresas franqueadoras de outros segmentos. O momento positivo reflete uma mudança no comportamento do brasileiro, que cada vez menos se enxerga seguindo regras e padrões empresariais e está cada vez mais inclinado a investir em seu próprio negócio.
Pesquisas recentes sobre empreendedorismo e comportamento empreendedor revelam um cenário bastante favorável nos últimos anos, sobretudo quando voltamos a análise para o setor de franquias. Em tempos de crise e incertezas nos países ditos de primeiro mundo, o que bem ou mal afeta o desempenho das economias emergentes, o franchising desponta como uma opção viável, rentável e essencialmente segura para aqueles que desejam iniciar novos empreendimentos.
Estudo produzido pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), uma das maiores consultorias especializadas em empreendedorismo no mundo, aponta que hoje o Brasil é o 3° país que mais possui empreendedores: 27 milhões ao todo. O desempenho brasileiro é inferior somente aos de China e Estados Unidos. Logicamente o número absoluto de empreendedores nestes países tem ligação direta com suas extensões territoriais e com o número absoluto de suas populações. China e Estados Unidos são respectivamente primeiro e terceiro países mais populosos do planeta. O Brasil ocupa a 5° posição neste ranking.
Todavia, quando analisamos exclusivamente a população brasileira economicamente ativa (PEA), constata-se que de fato o empreendedorismo no país é uma realidade há algum tempo consolidada. Hoje, 79 milhões de brasileiros estão inseridos na PEA, que considera a população ocupada (empregados, empregadores, profissionais autônomos e profissionais não remunerados) e a população desocupada (pessoas momentaneamente fora do mercado de trabalho mas que estão em busca de uma nova colocação).
Tomando como base os dois números apresentados, constata-se que hoje 41% dos brasileiros que compõem a PEA dirigem negócios próprios. Para ilustrar, 27 milhões de empreendedores corresponde a mais de toda a PEA das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre, que juntas somam 23 milhões de pessoas. Trata-se de um número bastante expressivo, portanto.
Pode ser somado a tudo isso a conclusão de outra pesquisa recente, essa coordenada pela consultoria de recursos humanos Cia de Talentos, que aponta que 56% dos jovens profissionais brasileiros pretendem abrir um negócio próprio em algum momento de sua carreira. Para efeito de comparação, se ter um negócio próprio estivesse na lista de empresas dos sonhos, a opção seria a 4° na preferência dos novos trabalhadores, a frente inclusive de grandes grupos com atuação global, como Nestlé, Ambev e Unilever.
A rápida transformação dos valores da sociedade brasileira alinhado ao perfil do novo empreendedor são sem dúvida pontos essenciais que sustentam a expansão do sistema de franquias no país hoje. Fato que demonstra isso de forma mais clara é que apesar da desaceleração da economia interna nos últimos anos, reflexo das crises nos mercados norte-americano e europeu, o franchising no Brasil continuou crescendo em ritmo acelerado (16,9% em 2011 frente a 2,7% do PIB nacional no mesmo período). O bom desempenho do setor relacionado ao alto número de possíveis empreendedores mostra uma mudança radical no mercado brasileiro, o que definitivamente deve significar algo.