Até poucas décadas considerada a principal região macroeconômica do País, nos últimos anos a região metropolitana de São Paulo tem perdido a sua condição de expoente nacional. Apesar de a região ainda possuir incontestável relevância no cenário brasileiro, hoje outras localidades passam a atrair investimentos de empresas dos mais diversos portes e segmentos. Por consequência e na mesma proporção, profissionais dos mais diversos ramos de atuação migram para essas regiões em busca de novas oportunidades. Neste cenário, se hoje a região metropolitana do estado cresce em ritmo menos acelerado, o interior cada vez mais desempenha papel elementar na nova estrutura econômica do País.
De acordo com levantamento realizado pelo Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), na última década a região metropolitana de São Paulo perdeu cerca de 30 mil pessoas por ano, o equivalente a 300 mil pessoas entre os anos de 2000 e 2010. Apesar de recente, a inversão no movimento migratório já começa a revelar os seus primeiros reflexos: neste ano o interior do estado superou a região metropolitana como principal mercado consumidor do País. Segundo estudo da consultoria IPC Marketing, em 2012 o consumo dos domicílios das cidades do interior paulista deve somar R$ 382,3 bilhões (ou 50,2% do total do estado); juntos os 38 municípios que compõem a grande São Paulo irão movimentar R$ 379,1 bilhões (48,8%).
Neste contexto, abre-se uma enorme oportunidade de negócios para as empresas brasileiras que queiram expandir a sua atuação para mercados emergentes, o que evidentemente inclui o segmento de franquias. A ascensão social de parcela considerável da população interiorana e o consequente aumento nos gastos com produtos e serviços até pouco tempo considerados “elististas” criaram as bases para a nova fase de consumo. Como maior reflexo desse momento, pode-se citar a abertura de grandes shopping centers em cidades do interior, um ambiente amplamente favorável para a operação de empreendimentos no formato de franquia.
A concentração de grandes centros universitários no interior de São Paulo, apesar de não ser tão evidente, também tem auxiliado no ritmo de crescimento do franchising na região. Ainda que outros motivos possam influenciar na decisão, hoje grandes grupos empresariais estendem sua atuação para fora da capital em razão da enorme mão de obra disponível no interior. Nesse sentido, franquias ligadas ao setor de educação e capacitação encontram terreno fértil para sua atuação, já que os mesmos estudantes universitários contratados por grandes empresas paralelamente investem em cursos de formação acadêmica complementares.
Por outro lado, apesar de a capital não poder ser considerado um mercado saturado – os fluxos migratórios dentro da própria cidade impactam diretamente na demanda por produtos e serviços em cada região em específico – problemas pontuais atrapalham o processo de abertura de novos empreendimentos em São Paulo. O valor abusivo para a locação de imóveis é certamente um dos maiores empecilhos para a operação de novos negócios na cidade, sejam eles franqueados ou próprios. Sem falar, é claro, de todos os problemas de saturação da estrutura com um todo na capital.
O que percebe-se hoje é uma enorme mudança de paradigma na estrutura socioeconômica do estado de São Paulo. Cada vez mais empresas, profissionais e estudantes migram para o interior, atraindo consigo novos modelos de negócios e novos formatos de consumo. O forte investimento das franquias na região responde a um movimento desencadeado nos últimos anos e que, ao que tudo indica, futuramente deve ser replicado em outros estados brasileiros conforme a evolução das economias locais.