A decisão por empreender através do sistema de franquias está em alta nos últimos anos. Mas é importante refletir sobre uma importante questão: uma vez que a decisão de empreender foi tomada, por que uma franquia e não um negócio independente?
Para dar início a esta reflexão, trago abaixo a transcrição de algumas frases ouvidas em uma feira de empreendedores há pouco tempo:
“Loja de rua? E se ela for assaltada, a franqueadora assume o risco? Não! Ué, mas que suporte é esse?”
"Esse negócio de franquia é cheio de exigência. O cara nem nome sujo pode ter! Assim não dá”
“Se a loja não der certo, recebo meu dinheiro de volta? Não, então como a franquia diz que dá suporte? É só a consultoria mesmo. Então não presta.”
Por mais que as citações acima tragam alguma comicidade em seu texto, são situações reais. Felizmente acredito que neste nível não está a maioria dos empreendedores, no entanto, ainda há um volume grande de pessoas que ao decidirem “não ter mais chefes”, acreditam por exemplo, que irão trabalhar menos. Este é um mito que necessita ser revisto, afinal, ao abrir um empreendimento, antes que qualquer coisa, você terá seu consumidor como principal agente a ser atendido e se este empreendimento é uma franquia, você terá em um dos lados o consumidor e em outro o franqueador que lhe apoiará nas mais diversas frentes, mas também para que possa cumprir seu papel de franqueador, lhe exigirá o que for combinado e o necessário para gestão e perenidade da rede franqueadora.
Outra visão ainda equivocada que paira sobre o sistema de franquias é a garantia de retorno. Fuja do franqueador que se posicionar dizendo a você que esta situação é verdadeira. É certo que o sistema de franquias, por suas características, tem índices de sucesso maiores que negócios independentes. Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), mostram que 60% dos negócios independentes não completam três anos de vida. Em contrapartida, apenas 5% a 8% das franquias fecham antes de completar três anos. Estes índices são reais e possíveis pela organização do sistema e força da atuação em rede, mas dependem muito da pré-disposição do franqueado em seguir o sistema.
Ainda é relevante que abordemos a questão da força da marca do franqueador. Em geral, o franqueador investe em marketing institucional para que a marca torne-se mais sólida e conhecida no mercado, o que diretamente beneficia o franqueador. Algumas marcas chegam a ser sinônimo de determinadas categorias de produtos, mas é um grande engano o franqueado acreditar que a marca vende por si. Investimentos em atendimento, relacionamento e mídia regional são fundamentais no que diz respeito ao desenvolvimento individual da unidade franqueada.
No sentido de esclarecer de forma mais pontual relacionamos abaixo os papéis do franqueador e franqueado:
• Franqueador:
- desenvolver o sistema de negócio;
- normatizar e manualizar o sistema;
- selecionar e capacitar os franqueados que multiplicarão o sistema;
- oferecer apoio, supervisão e orientação ao franqueado;
- desenvolver a “rede inteligente” no sentido de coletar e difundir as melhores práticas;
- aprimorar continuamente o conceito de negócio;
- preservar a marca e desenvolver marketing institucional;
- buscar competitividade no produto / serviço ofertado ao consumidor;
• Franqueado:
- pesquisar o negócio com o qual possui melhor identificação e capacidade financeira para investimento;
- possuir fôlego financeiro para o período de amadurecimento do negócio;
- operar o negócio de acordo com as orientações da franqueadora;
- estar à frente da operação do negócio;
- ter pré-disposição para reinvestimento na franquia;
- ter pró-atividade e empreendedorismo em seu mercado de atuação;
- ter responsabilidade na manutenção do uso da marca que lhe foi concedida.
Encerramos este artigo, alertando então ao futuro franqueado que tomar a decisão de empreender em um negócio franqueado, absolutamente não quer dizer que o franqueador fará tudo por você ou que você terá menos trabalho, afinal você será o empresário, que no sistema de franchising contará com um parceiro franqueador, mas este parceiro não poderá fazer a parte que cabe ao franqueado na gestão do negócio.
Analise, informe-se e faça bons negócios!