Existe certo consenso no mercado de franquias de que franqueado bom é àquele que “põe a mão na massa”. Esta máxima sempre prevaleceu e sempre fez muito sentido, afinal, diz o ditado que são “os olhos do dono que engordam o gado”. O mercado de franquias vem registrando, ano após ano, crescimento muito acima do nosso PIB, clara demonstração da vocação empreendedora dos brasileiros. Faz parte dos sonhos de 6 entre 10 conterrâneos abrir em algum momento da sua vida um negócio próprio e consequentemente deixar de ter chefe, salário limitado e maior liberdade profissional (como se tornar um empreendedor seja a solução de todos esses problemas...).
Recentemente o Brasil promoveu a maior feira de franquias do mundo, demonstrando o bom momento do mercado de franquias. Foram 61.000 visitantes que lotaram um pavilhão com 31.000 m2, para visitar 470 marcas em exposição. Para a imensa maioria dos frequentadores do evento, porém, ter uma franquia ainda é um sonho muito distante. No caso das franquias que tem o seu negócio baseado num bom ponto comercial, os preços estão em patamares muito altos e, em muitos casos, esse investimento pode representar até o triplo do investimento apenas no negócio. Daí, muitos candidatos se espantam com o montante do investimento necessário para abrir uma unidade. Abrir uma franquia num grande shopping ou numa grande rua de comércio em cidades como São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Brasília ou Porto Alegre pode significar investimentos que superem a casa do milhão de reais.
Diante de uma legião de pessoas querendo ingressar no sistema, mas com pouca capacidade de investimento, tem feito surgir uma nova modalidade de franquias – as microfranquias, que tem o seu modelo de negócios baseado em baixo investimento (até R$ 100 mil) e, principalmente, não necessitam de ponto comercial, sendo, na maioria dos casos, uma franquia home based. Já representam 17% do total de unidades franqueadas. Este tipo de franquia tem crescido numa velocidade muito maior do que as franquias tradicionais, porque cabem no bolso da maioria das pessoas. São as franquias acessíveis. Por conta disto, este formato de negócio tende a se popularizar ainda mais, possibilitando que cada vez mais pessoas consigam realizar o sonho do negócio próprio.
Mas e os modelos tradicionais estão ameaçados? Não. O que está em curso no mercado é o surgimento dos franqueados investidores, que começam a olhar cada vez mais o sistema de franquias como um investimento de baixo risco e bom retorno financeiro. Comparando com as aplicações financeiras tradicionais com seus rendimentos cada vez mais limitados, uma franquia (ou um conjunto delas) pode ser uma boa maneira de gerar rentabilidade financeira acima das aplicações tradicionais.
Investir num conjunto de franquias; em uma mesma marca em toda uma região; ou em uma rede de lojas dentro de uma rede é um fenômeno que já se faz presente na maioria das grandes redes franqueadas. Grandes grupos econômicos, fundos de private equity, fundos de investimentos, empresas que buscam diversificação de negócios, sociedade entre vários amigos, começam a atrair pessoas com um outro perfil no segmento de franquias, mudando inclusive a relação entre franqueado X franqueador e também a maneira como estes operam suas unidades, sem a presença do dono, porém com uma gestão mais profissional e menos passional.
Em resumo, as pessoas físicas tendem a investir cada vez mais nas microfranquias ou nas franquias de pequeno porte e, nas franquias que tem o seu formato baseado em pontos comerciais, por conta da alta dos preços, torna-se cada vez mais um negócio para as pessoas jurídicas. O Brasil já é o 3º maior mercado de franquias do mundo! E em breve poderemos ser o 2º!