Historicamente, quando as mulheres ainda encontravam barreiras significativas para acessar o mercado de trabalho, um dos raros setores em que havia oportunidades era o da saúde. Ainda hoje, as mulheres representam 70% da força de trabalho nessa indústria, segundo estudos da Organização Mundial da Saúde.
Isso ocorreu, em parte, porque as tarefas da saúde sempre foram consideradas femininas e, assim, socialmente aceitáveis para as mulheres. Também, porque ao se delegar aos homens o trabalho braçal dentro das fábricas e às mulheres a de cuidar do lar e da família, elas acabaram desenvolvendo uma série de habilidades essenciais para um bom profissional da área, como flexibilidade, empatia e sensibilidade.
Conforme as empesas se viram forçadas a buscar diferenciais e diante da necessidade de oferecer melhores experiências aos seus clientes, essas mesmas características passaram a ser valorizadas em todos os tipos de organizações. E a diversidade se tornou um ativo importante para as companhias.
Segundo pesquisa realizada em 2020 pela consultoria McKinsey & Company, negócios que investem na diversidade de gênero nas posições de liderança têm 25% mais chances de obter retorno financeiro que as concorrentes. Os números se justificam pelo fato de as empresas que adotam políticas para favorecer a presença feminina tornarem seu ambiente mais dinâmico e com menos conflitos interpessoais.
Na prática, quanto mais variado o espectro de profissionais, maior a possibilidade de encontrar novos talentos capazes de contribuir com a performance e gerar ganhos na equipe. Não por acaso, o ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sustentáveis e de governança) vem sendo um dos temas de maior destaque das últimas edições da NRF, maior feira de varejo do mundo, que reúne mais de 40 mil pessoas anualmente em Nova York para discutir tendências do setor.
Ainda que em 2023 o evento tenha destacado o papel crescente da tecnologia, o cliente continua sendo protagonista. Ou seja, as empresas capazes de oferecer uma experiência personalizada, atendendo às necessidades específicas de cada cliente, se mantêm relevantes e ampliam suas chances de sucesso diante da nova realidade de consumo.
Nesse sentido, a presença feminina na liderança se mostra valiosa para estabelecer uma relação mais profunda com os clientes, especialmente no mercado de farmácias, que lida diretamente com a saúde e o bem-estar das pessoas. As mulheres possuem habilidades que vão além da simples venda de produtos e serviços, incluindo sua capacidade de exercitar uma comunicação fluida, empatia, liderança colaborativa, resiliência e adaptabilidade. Essas habilidades podem ajudar a construir uma conexão mais significativa com os clientes, criando um ambiente propício para a fidelização e a construção de uma reputação positiva para a empresa.
No grupo Artesanal, 70% das franquias são comandadas por mulheres. Também são ocupados por mulheres 63% dos cargos de liderança, um número compatível com a porcentagem de mulheres no quadro de colaboradores – 68%. Mas as escolhas não são simplesmente numéricas.
A diversidade de gênero é peça chave na busca para atingir os objetivos estratégicos. A presença das mulheres gera um ambiente muito mais favorável para o desenvolvimento de soft skills fundamentais para termos times cada vez mais criativos, inovadores e dotados de pensamento crítico e inteligência emocional.
*Naiana Tokarski é diretora-executiva do Grupo Artesanal