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Compliance, ESG e a responsabilidade das lideranças

Leia o artigo desse mês da nossa colunista Amanda Ramalho.

Compliance, ESG e a responsabilidade das lideranças
Flávia Denone Publicado em 02 de Outubro de 2024 às, 08h00. Atualizado em 02 de Outubro de 2024 às, 08h00.

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Em um ambiente corporativo cada vez mais competitivo e globalizado, as regras de compliance e as práticas efetivas de ESG (Environmental, Social, and Governance) desempenham um papel central no posicionamento estratégico das organizações, refletido de forma direta na postura de suas lideranças.

O que para alguns pode parecer excessivo, na realidade, são mecanismos que protegem as organizações de riscos legais e reputacionais, e que, em contrapartida, exigem condutas de sustentabilidade e responsabilidade social, aspectos cada vez mais valorizados por investidores, consumidores e stakeholders.

As lideranças, em especial as mais expostas, como diretores executivos e presidentes de conselhos, devem ter especial atenção ao seu posicionamento, uma vez que sua figura é indissociável da imagem corporativa, sendo, portanto, muito fácil o seu comportamento pessoal impactar de forma positiva ou negativa nos resultados da organização.

Compliance e ESG: Proteção, Conformidade e Responsabilidade

O compliance refere-se ao conjunto de ações que garantem que a empresa esteja em conformidade com leis, regulamentos e normas internas, mas, além disso, é um modelo de gestão que necessita de uma cultura voltada às melhores práticas de mercado.

Para líderes empresariais, estar em conformidade significa mitigar riscos como fraudes, corrupção, e garantir transparência nas operações. Além disso, demonstra um compromisso com a integridade, um valor essencial para a construção de confiança tanto no mercado quanto na sociedade.

As boas práticas de ESG, entram como um ponto além dos citados acima, como um compromisso de governança a ser assumido pelas organizações, exigindo delas uma maior atenção e cuidado com as pessoas e com o meio-ambiente, e reforçando a governança corporativa e o compliance, já citados aqui.

Dentro de quaisquer desses aspectos, o líder, deve representar fielmente as condutas esperadas pelos seus colaboradores, deve posicionar-se em conformidade com os valores da sua organização e, mais do que isso, deve materializar seu compromisso com seus principais ativos, que são os seus clientes internos e externos, sem os quais, o negócio perece.

É interessante ressaltar que o posicionamento da liderança deva ser pautado apenas nos interesses da organização, é claro que existem - e devem existir - posicionamentos baseados no livre arbítrio e na convicção pessoal do indivíduo, contudo, há que se sustentar o peso da responsabilidade de falar o que se vem a mente, ainda que seja prejudicial ao negócio e que fragilize a posição ocupada.

Há tempos atrás isso não fazia a menor diferença, os líderes estavam blindados pela falta de conhecimento de grande parte das pessoas, em razão da limitação da propagação da informação. Hoje em dia, ao contrário do que se via antes, os líderes ganham e desejam ganhar cada vez mais espaço nas redes sociais e são eles, bem como a imagem que tem, que levam parte dos resultados as organizações.

As pessoas, seja na posição de investidores ou clientes, desejam saber com quem se relacionam e de que forma essa figura conduz o negócio. Discursos acalorados de opiniões pessoais, portanto, nem sempre vão ser adequados na perspectiva dos negócios, em especial, se esse discurso for de caráter preconceituoso ou discriminatório, mas, em especial, se for na contramão dos objetivos de negócios.

Queremos ver a liderança, ouvir dela, e sabe por quê? Porque esse é o valor real que vai ser refletido no corpo-a-corpo da operação e não somente o que está escrito na parede como missão, visão e valores. Logo, antes de se manifestar é importante levar em conta que agora é como se os líderes fossem pessoas famosas, as quais estão em uma vitrine e que todas as ações estão permanentemente sendo observadas.

Antes de falar, é importante pensar em: quem é meu público? quem eu quero que seja meu público? se, eu por acaso, me posicionar dessa forma, eu mais afasto as pessoas ou as aproximo? e, em última forma, se quem discorda de mim, não mais comprar meu produto ou serviço, o meu negócio sobrevive? 

Não existem respostas certas ou erradas, existe aquilo que seu negócio quer para si e o quanto suas ações impactam nesse objetivo. Quando se ocupa uma posição de visibilidade suas palavras ganham novo relevo, nada mais é só o que você pensa e por isso, a sua marca pode sofrer. Existem formas e formas de você expressar sua opinião pessoal e, certamente, se a forma adequada for aplicada, será possível diferenciar a pessoa física, da pessoa do líder. Contudo, é sempre bom aplicar a regra do bom-senso e entender que certas coisas não devem ser ditas nem de brincadeira!

Desta feita, as lideranças que integram os princípios de compliance e ESG em suas estratégias operacionais não apenas se destacam pelo compromisso ético, mas também agregam valor econômico e reputacional. Em um cenário onde investidores e consumidores estão cada vez mais conscientes da importância de empresas responsáveis, a sustentabilidade e a conformidade não são mais diferenciais, mas exigências.

Líderes que adotam essas práticas garantem não apenas a sobrevivência de suas empresas no longo prazo, mas também se posicionam como agentes de transformação, capazes de guiar suas organizações em direção a um futuro mais sustentável, responsável e próspero.

Afinal, qual é o legado que sua organização quer deixar no mundo?

 

Amanda Ramalho

Amanda Ramalho, especialista em Direito Empresarial e Compliance. Com mestrado em Direito pela Universidade da Amazônia (UNAMA), Doutoranda em Direito Comercial pela PUC/SP.

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